Sexta-feira, 3 de Março de 2006
O triste despertar de consciências
No ano transacto, por esta altura, assistíamos a um show diário por parte dos meios de comunicação escrita ou audiovisual. Tal aparato, devia-se ao estado do país e mais concretamente ao défice.
Tudo foi dito e tudo servia para denegrir a imagem de quem então abandonara o governo. Mais parecia a continuação da campanha eleitoral! À boa maneira portuguesa, os analistas, colunistas, comentadores, patrões de órgãos de comunicação e alguns jornalistas (não sei são dignos destes nomes, mas à falta de melhor
) não tinham mãos a medir para manipular a opinião das pessoas, quanto ao estado em que o país se encontrava.
O tribunal popular, então constituído por estes senhores, visava única e exclusivamente o linchamento político dos que abandonavam o governo fruto de uma derrota eleitoral em que o tema, como hoje se pode confirmar, foi a demagogia e a falsidade.
Sobre estes, recaíam entre outras as acusações:
- Défice de 5,2% (real, o que quer dizer livre de receitas extraordinárias).
- O relatório Constâncio.
- O aumento do desemprego.
-
Hoje, cerca de um ano depois, um governo novo, com uma cor nova, como estamos? Os factos são:
- Erros na elaboração do orçamento.
- Substituição do Ministro das Finanças.
- Incumprimento total das promessas eleitorais.
- Lançamento de projectos megalómanos (OTA e TGV)
- Aumento de vários impostos.
- Mentiras do relatório Constâncio.
- Maior desemprego de sempre.
- Défice acima de 6%.
Estes, só por si bastam para mostrar o desastre que tem sido este primeiro ano de governação e o quão dúbia e manipuladora têm sido a nossa comunicação social. Sobre este passado recente nada, nem uma palavra, virgula, comentário ou o que quer que seja. Mas, como se isto não bastasse, vem aí, o encerramento de 70% da rede escolar, o quadro de excedentes da função pública, o pagamento por parte dos utentes do Serviço Nacional de Saúde, o fim das freguesias,
. E os gastos altíssimos que o Sr. Presidente da Republica anda a realizar, agora na sua despedida? Quantas viagens já realizou ao estrangeiro desde que foi eleito um novo Presidente? É isto, caros leitores, à comunicação e aos paineleiros, nada interessa, o importante hoje, é noticiar e comentar a Gripe das Aves, o Campeonato de Futebol e os conflitos nos Países Árabes.
Será que podemos ou devemos tal como estão as coisas hoje em dia questionar qual a fronteira entre a liberdade de imprensa e a manipulação. Parece-me a mim e se calhar a todos, que a dita liberdade se encontra hoje ao serviço da manipulação, e assim sendo estamos perante um défice democrático.
Flavius II